A LITERATURA E A 7ª ARTE.

Sempre odiei ler um livro e depois saber que teria adaptação para o cinema. E a cada decepção eu suscito a mesma dúvida em uma roda de amigos. Por que é tão ruim? E a resposta sempre foi a mesma:

-Ah ... mas é só uma adaptação. Você quer o que? Que o cineasta coloque 500 páginas em 90 minutos de filme?

A questão não é essa. Das prováveis 500 páginas desse livro, 250 são sobre como o dia estava ameno e a folha da árvore mais alta da floresta caiu pausadamente, enquanto pássaros rumam ao sul numa bela tarde de outono e o cabelo da mocinha parecia mais reluzente a luz do sol, fazendo com que o mocinho percebesse que conheceu a mulher de sua vida e blá blá blá. Excluindo esse lixo literário o filme poderia SIM ser fiel a obra do escritor.

A questão é: as adaptações não foram feitas para as pessoas que leram e gostaram do livro, mas sim para pessoas que ouviram comentários sobre o mesmo e ficaram curiosas, contudo são preguiçosas o bastante para não lerem o livro. A melhor saída é matar a curiosidade de uma forma áudio-visual enlatada. O sentimento do autor deve ser o mesmo que ver o seu bebê se transformando num Frankenstein.

Obviamente esse é um simples desabafo. Afinal o cineasta sabe que a linguagem das telas é outra e o compromisso dele é com o espectador e não com o leitor.

Talvez não tenha percebido que muitos dos espectadores também são leitores e desejam algo de qualidade. Se talvez não fiel a obra que pelo menos tenha um roteiro que faça sentido.

A propósito. Não assistam Anjos e Demônios e Querido John. Sendo o primeiro de cortar os pulsos.

Por Karine !